quarta-feira, 21 de julho de 2010

Mamãe foi desfilar


A ÚNICA DIFERENÇA foi que Gisele Bündchen precisou tirar leite do peito para não deixar Benjamin com fome, nas horas que passou longe do filho de 6 meses com o jogador americano Tom Brady. Nada mais mudou no momento de a top model pisar e arrasar na passarela do São Paulo Fashion Week após um ano longe do evento. O corpo perfeito, talvez menos bronzeado por razões óbvias, os olhos azuis hipnotizantes e o andar mais aplaudido do planeta permanecem um sucesso de público.

O frenesi já é uma tradição quando se trata de Gisele. Basta chegar ao prédio da Bienal que ela é recebida como a rainha da Inglaterra. Na fila para visitá-la no vigiado camarim na noite de domingo 13 estava, por exemplo, a ex-primeira- dama do Estado, Mônica Serra, que atravessou o cordão de isolamento com os olhos ansiosos, acompanhada por quatro ou cinco súditas.

Assim como ela, a consultora de moda Costanza Pascolato pacientemente esperou a sua vez, seguida por uma penca de patrocinadores. Ao lado do ator Reynaldo Gianecchinni, seu parceiro de desfile, Gisele posou para um batalhão de fotógrafos, pouco antes de correr para a fila de entrada na passarela. "Até hoje fico nervosa em desfile", dizia ela, prestes a completar 30 anos e aflita para entrar. Concentrada, pouco olhava para quem a chamava nos bastidores. Só relaxou ao final, quando o show terminou e ela foi trocar de roupa na sala reservada.

Horas antes de pisar na passarela da Colcci, Gisele recebeu Gente no Hotel Emiliano, onde costuma se hospedar em São Paulo. Pontualmente, às 15 horas de domingo, a porta da suíte 1.901 se abriu. Na sala do apartamento, o que chamava mais a atenção era um pequeno cobertor azul esticado no chão, com almofadas brancas cercando chocalhos e bichinhos coloridos. "Benjamin já está começando a querer engatinhar", explicou a top, segundos depois de nos recepcionar para a entrevista, que durou 17 minutos cronometrados pela assessoria de imprensa da marca para quem a top desfila com exclusividade no Brasil, e pela irmã gêmea e RP, Patrícia Bündchen.

De rabo-de-cavalo, sem maquiagem e com um look inteiramente preto colado ao corpo, Gisele estava mais linda do que nunca. Quem a vê percebe que, além de não dormir há seis meses - porque tem que acordar quatro vezes durante a noite para trocar fraldas - como contou, a maternidade mudou a sua vida: o ar de menina deu lugar ao de uma mulher mais madura. E o brilho no olhar é mais intenso quando fala em Benjamin. "Tudo nele me faz sorrir, tudo me emociona", derrete-se ela

Aquele seria seu primeiro desfile após o nascimento do bebê, em dezembro do ano passado. "Já tirei leite para não ficar preocupada. Não sei como vai ser, mas ele não vai sair da minha cabeça. Acho que quando você vira mãe, seu filho não sai nunca mais da sua cabeça", disse. Ela contou também que pretende continuar amamentando. "Pretendo amamentar o Benjamin até 1 ano de idade. Seria ótimo até ele começar a caminhar", disse a top, que mostrava-se ansiosa com a volta às passarelas. "Não sei como vai ser. Só sei que meu neném vai estar na minha cabeça", confessou. Mesmo excitada com o trabalho, Gisele parecia tranquila por saber que o filho, naquele momento, estaria com a avó, Vânia Bündchen.

Há uma semana no país, Gisele aproveitou sua passagem para fazer trabalhos paralelos. Entre eles, a campanha de sua sandália Ipanema, na quinta-feira 10, e a edição especial da revista Vogue, que comemora 15 anos de carreira. No sábado 12, foi a vez da campanha de verão 2011 da Colcci, que estrela ao lado do ator Reynaldo Gianechinni, ambos fotografados por Gui Paganini, mas em sessões separadas. Ele fotografou na sexta-feira 11, ela, no sábado. Gisele passou o Dia dos Namorados sem Tom Brady, que não veio.

No estúdio em São Paulo, apenas a irmã, a mãe e o bebê, que, em vários momentos, deixou o espaço preparado exclusivamente para ele, para assistir sua mãe fotografando, do colo da avó. "Benjamin é muito calminho e risonho. Ele já sabe que ele é o Benjamin. Quando o chamam, ele olha. Agora quando é a voz da mãe, ele logo abre um sorriso e estica os braços para ela", contou uma pessoa da produção da campanha. No domingo 13, ela chegou à Bienal cercada por seguranças, por volta das 19 horas. Abriu o desfile da Colcci, onde fez três entradas, todas com looks transparentes. Depois do desfile, ela foi jantar no Buddha Bar, na Villa Daslu. Deu uma passada rápida na festa da Colcci, no club Kiss & Fly, e logo foi embora para o hotel, onde dormia seu "anjinho".

Como está conciliando sua vida com a maternidade?
Acho que isso é a coisa mais difícil. Quando você não tem filhos, é sempre você em primeiro lugar. Hoje em dia, faço as minhas coisas quando ele está dormindo. Eu quero ficar com meu filho o tempo inteiro, mas quando vou ver não fiz nada a semana inteira. Sabe assim? Tenho 200 e-mails para responder e aí falam 'Gisele! Gisele!' e eu digo 'Calma, gente!'. Ele está com 6 meses e não dá para abandonar a minha vida. Ainda que eu posso levar meu filho comigo no meu trabalho, mas sei que preciso me organizar com horários, até porque o Benjamim já tem uma rotina.

A quem recorre num momento de aflição?
Seria muito melhor para mim se minha mãe estivesse do lado da minha casa todos os dias. Mas eu moro fora e não tenho uma babá. Acho que ter uma babá é importante, mas tem que escolher muito bem porque vai deixar seu filho. Hoje tenho a ajuda de uma amiga, que é brasileira e adora criança. É minha amiga há um tempão, do Brasil, e está me ajudando. Não trabalha para mim. Eu confio nela.

Quando o Benjamin está com ela, eu fico tranquila. Posso sair e não fico pensando nessas coisas horríveis que a gente escuta por aí. Minha mãe me fala: agora você não dorme porque o bebê é pequenininho, quando eles crescem aí você não dorme porque saiu, foi em festa e você fica: cadê meu filho? As pessoas têm que aprender duas coisas antes de virar mãe. Uma, ser babá de uma criança recém-nascida para ver como realmente é. Dois, saber que nunca mais vai dormir na vida. Eu estava pronta porque sempre quis ter um filho.

O que tem aprendido com a maternidade?
Com o meu filho, estou aprendendo a ter paciência. Sabe quando você está lá querendo dormir e seu filho está chorando? Se ficar desesperada é a pior coisa. Li muitos livros. E aprendi que se a criança chora, não é porque ela está com nada. É porque ela está cansada, precisa descarregar ou simplesmente se comunicar. Não fico desesperada. Tento dar um carinho porque com o tempo tudo passa. É só ter calma, que vai passar. Se você se desespera, a criança também vai se desesperar.

Ainda está amamentando? Até quanto tempo pretende amamentar o Benjamin?
Sim, com certeza. Mas acho que tem um limite. Quando a criança já começa a ter dente e a caminhar, está na hora de ser um homenzinho (risos). Mas quero amamentar até 1 ano, seria ótimo.

Ser mãe é padecer no paraíso. É difícil para uma mãe assumir que, além de amar, também padece. Como é com você? Já sentiu culpa por isso?
Eu não sinto culpa porque eu tenho que trabalhar. Tenho compromissos e pessoas que estão contando comigo. Não posso simplesmente largar tudo. Claro que quero ser a melhor mãe do mundo, participar de tudo, mas, ao mesmo tempo, não quero me perguntar daqui a dois anos, cadê a minha vida? Tem mães que acham que o melhor é ficar 24 horas com o filho porque podem ficar. Nem sempre é a melhor coisa. A minha mãe, por exemplo, trabalhou como bancária a vida inteira. E acha que eu a amo menos por isso? Ao contrário, eu a admiro muito por ela ter trabalhado, sacrificado muita coisa para sustentar seis meninas.

E os medos maternos, desde um simples tombo até o pior pesadelo. Como convive?
Os medos existem, mas você não pode viver com medo. Não dá para pensar o tempo todo, não vou fazer isso porque eu tenho medo que aquilo vá acontecer. Com o Benjamin, sou bem tranquila, até porque antes de ele nascer, eu já tinha essa experiência com o Jack, com quem convivo desde os 6 meses. Sou mãe agora, mas sou madrasta também, e acho que antes, como era a primeira vez que lidava com um neném, ficava mais apreensiva. Quando o Benjamin nasceu, como já tinha passado por isso, já dava banho e tudo.

Um bebê com 6 meses faz muitas gracinhas. O que te faz rir nele? O que te emociona?
Tudo nele me faz sorrir. Tudo me emociona. Acho que o que eu mais estou aprendendo é viver o momento. Porque eles vivem o momento. Acho que você passa a ver as coisas novamente, como uma segunda chance. Por exemplo, eu jamais iria passear no parque, olhar os passarinhos, mostrar o patinho nadando, se não fosse pelo meu filho. Geralmente, você está ocupada demais para essas coisas. Hoje em dia, faço questão de mostrar tudo para ele. É 'bom dia sol, bom dia patinho'. E você acaba apreciando isso também.

Quais as vantagens e desvantagens de criar o bebê fora do Brasil?
A grande desvantagem é estar longe da minha família. É bom quando venho para cá e sei que minha mãe está aqui. Mas eu só falo português com o Benjamin. Li um livro que se um dos pais fala uma língua e o outro fala outra língua, eles conseguem entender a diferença. Por isso só falo português com ele.

Tom Brady troca fraldas?
Ele faz o melhor possível! (risos)

Como fez para ficar em forma tão rápido?
Nada é milagre. Até os nove meses de gravidez, eu fiz kung fu e ioga. Também me alimentei muito bem. Depois do nascimento, não pensava em emagrecer, pensava em ficar saudável e queria ter certeza de que tudo que eu comia era bom para meu filho.

Logo depois que eu tive neném, fiquei em casa quase dois meses, sem sair de casa, até porque no primeiro mês fiquei hipnotizada com meu filho. Saí umas três vezes para ir à casa de amigos. Mas não na rua, até porque estava muito frio. Hoje, como chocolates, que adoro, mas não como frituras, por exemplo, porque eu sei que tudo vai para o leite.

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